Elias Almeida Silva Barbosa, de 21 anos, bateu um papo com a equipe de comunicação do CRBM2

O Conselho Regional de Biomedicina da 2º Região (CRBM2) parabeniza o estudante Elias Almeida Silva Barbosa, de 21 anos, que foi um dos aprovados para um estágio de três meses na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Elias está no 5º período do curso de biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Defensor da ciência, participa de duas pesquisas sobre o Zika vírus e Leishmaniose, que são promovidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika).

Elias embarca no próximo dia 1º de junho. Antes de viajar para Massachusetts, nos Estados Unidos, ele conversou com a equipe de comunicação do CRBM2 sobre o que espera do estágio em Harvard e do futuro da ciência aqui no Brasil.

Confira:

(CRBM2) Elias, com apenas 21 anos, você é estudante da Universidade Federal e, agora, foi selecionado para um programa de estágio na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Qual teu sentimento com essa conquista?

(ELIAS) – Primeiramente tenho gratidão a Deus, mas também ao investimento público que tem sido feito em mim. Eu estudei em uma instituição federal, o IFPE, e agora sou estudante da Universidade Federal de Pernambuco. Para além do estudo, esse investimento possibilitou que eu vislumbrasse a participar do programa de estágio. Então posso dizer que no IFPE eu consegui me desenvolver e entender o que era a ciência, já na UFPE tive a oportunidade de fazer pesquisas. Ao contribuinte, só posso dizer que nada disso foi em vão, não foi investimento em fundo falso. Todo o investimento público na ciência tem gerado frutos.

(CRBM2) Quando começa o estágio e quando você embarca para os Estados Unidos?

(ELIAS) – O estágio começa no dia seis de junho e eu já embarco para os Estados Unidos no dia primeiro de junho.

(CRBM2) Do que se trata esse estágio? Tem alguma pesquisa, em específico, que você acompanhará lá? E qual a sua expectativa para essa experiência?

(ELIAS) – É um estágio de verão em pesquisa. Depois da seleção, a Comissão de Revisão do estágio fez um pareamento com os laboratórios que mais se assemelhavam com nossa carta de intenção. Ficarei lotado no Instituto de Câncer e Virologia da Universidade de Harvard e lá vou trabalhar com um professor que tem investigado as células B. Lá, a ideia é colaborar com relação a algumas questões de vacinas e sistema imune do envelhecimento. A minha expectativa é de aprender um pouco de tudo não só com os mestres, mas também com os demais estagiários. Espero aprender elementos técnicos, mas também aspectos pessoais. É mais que um estágio técnico, é uma preparação para o entendimento do mundo.

(CRBM2) Por que você escolheu a biomedicina?

(ELIAS) – Minha mãe é professora de filosofia e ela mostrava para mim e para o meu irmão filmes de ficção científica que falavam de bioética. E aí desde criança ficava fascinado com esse mundo de pesquisa, que impacta a população e traz benefícios para a humanidade.

(CRBM2) Quais as áreas da biomedicina que você mais gosta? Já tem em mente a área que pretende atuar?

(ELIAS) – A área da biomedicina que mais gosto é da imunologia. Tenho focado em me tornar um biomédico imunologista para investigar o nosso sistema imune.

(CRBM2) Você tem trabalhado com pesquisas que envolvem doenças tropicais, algo que diz respeito ao Brasil, em especial. Quais as suas principais descobertas?

(ELIAS) – As minhas pesquisas são orientadas pelo professor Dr. Luiz Carlos Alves, mas ainda não chegamos em descobertas. Espero que em breve possamos ter notícias positivas sobre essas pesquisas. Nossas pesquisas mostram que há um espaço gigante de investigação de como o sistema imune pode recuperar partes de tecidos que sofreram sequelas de doenças tropicais, como é o caso da microcefalia no Zika e a sua prevenção, como é o caso da fibrose em casos de pacientes que tiveram leishmaniose cutânea. Em breve, creio que vamos revelar um pouco desse estudo.

(CRBM2) – Queria um depoimento seu sobre a importância da pesquisa e qual a avaliação que você faz da ciência no Brasil?

(ELIAS) – A pesquisa é investimento. Eu acho que aqui, no Brasil, ainda temos um pensamento a curto prazo. A gente quer começar hoje pra terminar amanhã. Mas em países, como Coreia do Sul, Japão e Alemanha, que, depois de guerras tiveram que se reconstruir, a lógica foi outra. Eles fizeram esse investimento a longo prazo, tanto que hoje são referências mundiais em vários campos da pesquisa científica. O Brasil precisa seguir esse exemplo e adotar essa postura. Infelizmente quem faz pesquisa aqui no Brasil sequer é reconhecido como profissional. Pesquisa não é hobby. Nós trabalhamos bastante, até nos finais de semana. A pesquisa, sim, é capaz de transformar esse país em uma grande nação. Ainda tenho muita esperança nisso.

CRBM2 - Entrevista com o estudante de biomedicina da UFPE aprovado para um programa de estágio em Harvard, nos Estados Unidos
(Arquivo Pessoal)