Biomédico explica como a técnica de ECMO ajuda a salvar vidas da Covid-19

A técnica por oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) ganhou notoriedade nos últimos dias devido ao quadro clínico do ator Paulo Gustavo, que está internado no Rio de Janeiro desde o dia 13 de março, lutando contra a Covid-19. O humorista está fazendo o tratamento dessa específica e cara técnica que envolve bombeamento de sangue

De acordo com o biomédico perfusionista e presidente da Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC), Prof. Elio Carvalho, o procedimento é feito por uma equipe de especialistas e o paciente precisa de cuidados 24hs. ‘‘Esse procedimento é feito por um cirurgião para fazer a canulação e é muito importante a participação de um profissional chamado de perfusionista que pode ser o biomédico. Ele é especialista na máquina e é necessário na implantação e em todo o tempo que o paciente ficar com a máquina. O ECMO é um suporte de vida. Ele vai dar mais tempo ao paciente para que ele se recupere da Covid-19. Ele simplesmente ajuda o paciente a se manter vivo para que o mesmo se recupere’’, explica.

O tratamento consiste em uma dupla canulação (uso de cânulos, materiais semelhantes a canudos) em duas veias do paciente: uma na perna e outra no pescoço. Nessa técnica, chamada de ECMO VV (veno-venosa, o sangue sai da perna e vai para uma bomba que o suga do paciente, empurrando esse sangue para a membrana que é um oxigenador, uma espécie de pulmão artificial que vai oxigenar o sangue do paciente, jogar oxigênio e tirar CO2.

A terapia exista há anos e foi muito utilizada em 2009 no surto da H1N1. No caso de pacientes com Covid-19, ela é aplicada em pessoas onde o pulmão está comprometido. A ECMO funciona como umcoração artificial e um pulmão artificial para o paciente, usando um circuito de tubos, bomba, oxigenador e aquecedor que fica instalado fora do corpo. 

Embora sejam semelhantes, a ventilação mecânica e a técnica de ECMO são diferentes. A ventilação mecânica é um suporte ventilatório, mas o pulmão tem capacidade de fazer a troca gasosa. Já no ECMO não é mais o pulmão do paciente que troca assim como é na ventilação mecânica. O pulmão vai descansar totalmente para ele se recuperar das lesões e quem faz toda a troca é o equipamento, é a membrana de extracorpórea, o oxigenador.

Procedimento complexo e arriscado

A técnica de ECMO é um procedimento caro e grande parte da população não tem a chance de se tratar com a estrutura oferecida. O Prof. Elio Carvalho, conta que o ECMO não é indicado apenas para problemas pulmonares ‘’O ECMO é indicado tanto para problemas pulmonares quanto cardíacos.

A ferramenta pode ser utilizada desde em crianças de baixo peso até adultos, mas não é recomendada em pacientes com idade muito elevada. Existem várias questões relacionadas a isso e pré-condições que limitam o uso do procedimento. Os principais riscos são: sangramentos excessivos e AVC. Existe uma necessidade de um anticoagulante para que seja utilizada a máquina. É preciso um controle muito grande da equipe de terapia intensiva para que o paciente não agrave e consiga suportar a técnica.

Nascido no Piauí e atuando em São Paulo, o biomédico Elio Carvalho é presidente da Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea (SBCEC).